quarta-feira, 11 de abril de 2012

Adolescência => A era das descobertas – parte 2





Aos quinze anos debutei na vida. Já tinha o mesmo corpo que tenho hoje. Meu irmão mais velho sumiu! Deu uma desculpa esfarrapada para papai e mamãe e caiu na vida. Disse que iria para o Hawai tentar vida nova e se tornar americano, até hoje não sabemos o que lhe ocorreu. Ele me pediu que eu fosse levar a mala que estava pronta em seu quarto. Peguei um taxi e cheguei ao aeroporto.

 No aeroporto, ao vê-lo embarcar meu coração bateu mais forte assistindo a decolagem do avião. Ainda no aeroporto me encantei com o sorriso das aeromoças, das comissárias de bordo e dos pilotos, UAU! Aquilo sim que era profissão! Hoje em dia para ser aeromoça encara-se um curso de cinco meses e se exige maioridade. No meu tempo, menores podiam fazer o curso (mas não podiam trabalhar). Um grande sonho vislumbrou-se na minha mente: Voar pelo mundo inteiro... Fui me informar mais e soube que o curso era caro. Fui pedir a papai que – atarefado com a entrega de linguiças- nem me deu muita atenção. Bom, o sonho estava lá e bastava eu arquitetar sua realização. Precisei esperar mais dois anos até vê-lo concretizado.


Em 1965 o mundo era muito diferente do que é hoje. Os carros eram carburados, as TVs valvuladas e moda era a minissaia. Na praia alguém passou a usar bikini ao invés de maiô. Houve a inauguração da TV Globo. 

 Estava em voga a guerra do Vietna. E os hippies, “paz e amor”, invadiram o pedaço. Eu desde os treze anos era a rainha do bambolê lá na escola. O único que me derrotava era o Oswaldinho mas como ele era de outra escola meu trono estava garantido (o Flavinho era segundo lugar). 


Depois do fiasco com o Aurélio minhas buscas pelo namorado ideal se intensificaram, contudo, enquanto o cara certo não aparecia eu me divertia com o cara errado mesmo. Por hora, meus namoricos seguiam uma certa lógica. Se limitavam a olho no olho; olho na boca; mão na boca; mão na mão... Boca na boca; olho na coisa, mão na coisa... Mas dai não passava e o FABULOSO “coisa na coisa” ainda ia esperar um pouco, embora eu já tivesse alguma pressa...
Em 1965 a TV Excelsior organizou o primeiro festival nacional da canção. A ganhadora foi a Elis Regina com “Arrastão”. Nós estávamos lá!

Olha eu lá atrás...
 á. Pelo ótimo desempenho no ginasial (antigamente se premiava mérito, hoje em dia nas escolas os que não conseguem aprender são paparicados) minha escola nos deu como prêmio de formatura um ônibus e fomos todos da minha trupe. Lá nos separamos e eu não me fiz de sonsa, cai na gandaia. Achei uns hippies cabeludos bonitões e me escangalhei de beijar na boca... Depois cai nas garras de um mauricinho da época, de gravatinha (este pagou o jantar) no dia seguinte voltei pros hippies. Não experimentei drogas, sexo & Rock'n Rool porque a pressão familiar contra tudo isso era muito forte e por mais libertária que minha índole fosse havia limites. Trocamos telefones, eu e o mauricinho porque os hippies nem tinham casa para instalar o telefone... A volta pra casa foi divertida. A Sônia bêbada, A Juju descabaçada por um hippie de outro grupo, a Ritinha apaixonada por um mauricinho e eu coçava a cabeça feito uma doida, CARACA ! Tinha pegado piolho dos Hippies!! O Flavinho tambem ficou em meio a uns hippies diferentões e estranhei que a viagem toda até em casa ele - embora houvesse poltronas vagas- se negou a sentar... Porque será??


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